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    Posições sexuais para engravidar de menina: o que a ciência diz?

    Atualizado em 21 de dezembro de 2022
    Informação verificada
    Revisão médica por Dra. Amanda Kallen, Professora adjunta de Obstetrícia, Ginecologia e Endocrinologista Reprodutiva, Faculdade de Medicina da Universidade Yale, Connecticut, EUA
    Padrões de verificação de fatos do Flo

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    Desde escolher determinadas posições sexuais até fazer tabelinha para conceber no momento certo, não faltam dicas para engravidar de menina. Vamos aos fatos com a ajuda de uma profissional da área de ginecologia.

    Durante a gestação, o que a maioria dos pais mais quer é um bebê saudável e feliz. Porém, de acordo com uma pesquisa de 2018 do Gallup, 36% dos norte-americanos preferem ter um menino e 28% querem uma menina, enquanto 36% dizem que o sexo não importa. Embora algumas pessoas se mostrem indiferentes, ao que parece muita gente tem uma ideia específica sobre a composição da família. Mas será que é possível influenciar o sexo do bebê? 

    A ideia de que é possível ajudar a Mãe Natureza a fazer a parte dela com certas posições sexuais para engravidar de menina não é novidade. Mas o que diz a ciência? Fizemos essa pergunta a uma ginecologista.

    Como o Flo pode ajudar você?

    Posições sexuais para engravidar de menina: como ter uma bebê menina

    Um dos 23 pares de cromossomos que carregamos é responsável pelo sexo biológico. Durante a gestação, o bebê herda um cromossomo sexual do pai e outro da mãe.

    Um cromossomo X vem do óvulo e tanto um cromossomo X como um Y podem vir do espermatozoide. Se dois cromossomos X se unem, nasce uma menina, enquanto a combinação dos cromossomos X e Y gera um menino. Portanto, é o espermatozoide que determina o sexo biológico do bebê: na corrida para alcançar e fertilizar o óvulo, um espermatozoide que carrega um cromossomo X precisa vencer para fazer uma menina.

    É importante observar que existe uma diferença entre sexo e gênero. Sexo biológico é o que os médicos atribuem ao bebê no nascimento. Tem a ver com as características definidas biologicamente. Já o gênero é a percepção pessoal que alguém tem de si. Para algumas pessoas, sexo e gênero se alinham. Para outras, não é bem assim e isso é absolutamente normal. 

    Posições sexuais para engravidar de menina: qual é a probabilidade de ter uma filha

    A proporção entre os sexos, que é a taxa de nascimentos de homens e mulheres, pende um pouco a favor do sexo masculino. Segundo um relatório de 2011 da Organização Mundial de Saúde, aproximadamente 49% dos nascimentos são de meninas, enquanto 51% são de meninos. 

    Posições sexuais para engravidar de menina: o Método Shettles

    Ao pesquisar posições sexuais para engravidar de menina, você certamente vai se deparar com o polêmico “Método Shettles”. O que é exatamente essa teoria?

    Na década de 1960, nos Estados Unidos, o médico Landrum B. Shettles pesquisava o comportamento dos espermatozoides. Suas descobertas ficaram conhecidas como “Método Shettles” e formaram a base para seu best-seller Como Escolher o Sexo de Seu Bebê. Veja mais informações a seguir.

    Há décadas, desde então, casais programam o momento do sexo e usam certas posições para aumentar a probabilidade de engravidar de menina ou menino. Isso acontece apesar das inúmeras evidências de que isso não faz a diferença, além do fato de que nem sempre o sexo biológico do bebê vai combinar com o gênero. 

    A ginecologista obstetra Sara Twogood, do Cedars Sinai Medical Group, em Los Angeles, afirma que o Método Shettles é desatualizado e impreciso. “O Dr. Shettles baseou sua teoria em dados coletados, o que, nesse sentido, a torna científica”, ela explica. “No entanto, há diversos outros estudos que refutam essa teoria. Não existem evidências de que uma posição específica ou determinado momento do ciclo menstrual aumentem a probabilidade de ter uma filha”.

    Para descobrir o que a ciência diz, vamos nos aprofundar um pouco mais nas alegações do doutor Shettles e em outros mitos sobre a concepção.

    Posições sexuais para engravidar de menina: diferenças entre espermatozoides

    Shettles usou um microscópio para observar o esperma e chegou a duas conclusões: espermatozoides com cromossomo X, responsáveis por meninas, seriam mais longos e sobreviveriam por mais tempo, e melhor, em ambientes ligeiramente acidíferos, como a vagina.

    Já espermatozoides com o cromossomo Y conseguiriam nadar mais rapidamente, pois seriam menores e mais dinâmicos, segundo a teoria. Mas também morrem antes e preferem ambientes menos acidíferos, como o útero e o colo do útero. 

    Você deve estar se perguntando por que isso é importante. Para quem quiser engravidar de uma menina, de acordo com o doutor Shettles, faz sentido tentar otimizar as condições para que um espermatozoide com cromossomo X fertilize um óvulo. Estudos seguintes, porém, mostraram que espermatozoides com cromossomo X e espermatozoides com cromossomo Y não são tão diferentes quanto o doutor Shettles acreditava.

    Na verdade, desde que o livro de Shettles foi publicado há 50 anos, as tecnologias reprodutivas evoluíram muito. Em vez de microscópios, atualmente os cientistas usam análises assistidas por computador para estudar os espermatozoides de perto. Eles descobriram que não existem diferenças estruturais entre espermatozoides com cromossomo X e com cromossomo Y, a não ser as diferenças no DNA (ou seja, qual cromossomo cada um carrega).

    Posições sexuais para engravidar de menina: sexo programado para ter uma menina

    Shettles também acreditava que programar o sexo para determinado período do ciclo menstrual poderia influenciar a chance de ter uma filha. 

    “Na teoria, o cromossomo X é maior e mais pesado do que o cromossomo Y, então espermatozoides com cromossomo Y nadam mais rapidamente”, explica a Dra. Twogood. “Espermatozoides com X são mais resistentes, portanto ter relações sexuais muito antes da ovulação provavelmente resultará em um feto com sexo feminino”.

    Mais especificamente, para aumentar a probabilidade de ter uma filha, Shettles recomendava fazer sexo nos dias logo depois da menstruação, com abstenção total por cerca de três dias antes da ovulação. Segundo ele, apenas os espermatozoides com cromossomo X, com maior sobrevida, teriam chances de ainda estarem vivos na época da ovulação.

    Outros cientistas, porém, discordam. Na década de 1970, um trabalho da pesquisadora de saúde pública Elizabeth Whelan contestou o Método Shettles e até sugeriu que o oposto seria verdade. Segundo Whelan, fazer sexo de quatro a seis dias antes da ovulação (ou seja, mais próximo do fim da menstruação) resultaria em um feto do sexo masculino, não feminino.

    Na década de 1980, o médico epidemiologista Allen J. Willcox fez parte de uma equipe que analisou os resultados de 192 gestações entre 221 mulheres saudáveis na Carolina do Norte. A pesquisa, publicada em 1995, não detectou “diferenças sistemáticas entre os padrões de relação sexual para a concepção de meninos e os padrões para fazer uma menina”.

    Portanto, agendar sexo na esperança de ter uma filha mulher não é científico. O que sabemos, porém, é que fazer sexo durante o período fértil aumenta as chances de engravidar, tanto de menina como de menino. 

    Baixe um aplicativo de calendário menstrual, como o Flo, para conhecer suas chances de engravidar e acompanhar os padrões do seu corpo, como sua secreção vaginal. O Flo também oferece uma ferramenta para calcular a data do nascimento se você fizer fertilização in vitro.

    Posições sexuais para engravidar de menina: o que funciona?

    A ideia de que haja uma posição ideal para aumentar as chances de ter uma filha é outra crença comum. Afinal de contas, de acordo com Shettles e outros profissionais da área, não é apenas quando fazer sexo que conta, e sim como. E isso seria o que influencia o sexo do bebê.

    A recomendação do doutor Shettles sobre as melhores posições sexuais para engravidar de menina são aquelas em que a penetração não é tão profunda. 

    A penetração menos profunda teria mais probabilidade de resultar em uma filha, segundo a teoria, porque o espermatozoide precisa viver por mais tempo para fertilizar o óvulo. Para isso, ele precisa sobreviver no ambiente acidífero da vagina, o que favoreceria o espermatozoide com cromossomo X. 

    Nesse sentido, as posições cara a cara seriam ideais para ter uma menina, ou seja, o bom e velho “papai e mamãe” continua sendo a melhor opção. Já a penetração profunda, por exemplo por trás, aumentaria a probabilidade de o espermatozoide com cromossomo Y fertilizar um óvulo, pois a ejaculação aconteceria mais perto do colo do útero, um ambiente menos acidífero e mais alcalino.

    Entretanto, pesquisas mais recentes refutam a base das alegações de Shettles. Em 2020, cientistas da Coreia do Sul revisaram diversos estudos datados desde os anos 50 sobre as características dos espermatozoides masculinos (Y) e femininos (X). Eles chegaram à conclusão de que a diferença entre eles se limita ao teor de seu DNA. 

    Ou seja, não há evidências de que os espermatozoides com cromossomo X e com cromossomo Y sejam diferentes em formato, tamanho ou velocidade, nem na forma como respondem ao pH do ambiente. Sendo assim, a posição sexual não influencia na probabilidade de fertilizar um óvulo. 

    Uma ideia parecida é a de que a mulher por cima na hora do sexo pode aumentar a probabilidade de ter menina, pois é ela que controla a profundidade da penetração. Por outro lado, há sugestões de que a “mulher por cima” reduz drasticamente as chances de engravidar, já que a gravidade age contra. 

    Entretanto, a Dra. Twogood reforça que a posição sexual não faz diferença alguma para ter filho ou filha no futuro. “Os espermatozoides não usam a gravidade como auxílio ou obstáculo”, diz. “Seja qual for a posição, quando o esperma é lançado dentro da vagina, já sai perto do colo do útero. Em poucos minutos, os espermatozoides podem navegar pelo sistema reprodutor da mulher e chegar às tubas”.

    Posições sexuais para engravidar de menina e outros mitos: conclusão

    E então? Será que há uma posição ideal para engravidar de menina? A resposta é não.

    Você pode até sentir mais prazer com determinadas posturas sexuais, mas não há evidências de que alguma posição específica influencie o sexo do bebê.

    Anos de pesquisa também descobriram que não há evidências de que o sexo programado ajude a determinar se você terá um filho ou uma filha no futuro. 

    A verdade é que, embora exista uma chance um pouquinho maior de conceber um menino por causa da proporção de nascimentos de homens e mulheres, não há nada que você possa fazer durante a concepção para determinar o sexo do seu bebê. 

    Tentar adivinhar o sexo, as características e a personalidade do bebê antes do nascimento pode ser muito divertido. No entanto, é tudo obra do acaso.

    Referências

    Newport, By Frank. “Slight Preference for Having Boy Children Persists in U.S.” Gallup.Com, 13 de agosto de 2021, news.gallup.com/poll/236513/slight-preference-having-boy-children-persists.aspx. Acesso em: 17 de novembro de 2021.

    Rahman, Md Saidur, e Myung-Geol Pang. “New Biological Insights on X and Y Chromosome-Bearing Spermatozoa.” Frontiers in Cell and Developmental Biology, v. 7, 2020. Crossref, doi:10.3389/fcell.2019.00388. Acesso em: 17 de novembro de 2021.

    Hossain, Amjad M., et al. “Lack of Significant Morphological Differences Between Human X and Y Spermatozoa and Their Precursor Cells (Spermatids) Exposed to Different Prehybridization Treatments.” Journal of Andrology, www.readcube.com/articles/10.1002%2Fj.1939-4640.2001.tb02161.x. Acesso em: 17 de novembro de 2021.

    Whelan, Elizabeth Murphy. “Human Sex Ratio as a Function of the Timing of Insemination within the Menstrual Cycle: A Review.” Social Biology, v. 21, n. 4, 1974, p. 379–84. Crossref, doi:10.1080/19485565.1974.9988136. Acesso em: 17 de novembro de 2021.

    Wilcox, Allen J., et al. “Timing of Sexual Intercourse in Relation to Ovulation — Effects on the Probability of Conception, Survival of the Pregnancy, and Sex of the Baby.” New England Journal of Medicine, v. 333, n. 23, 1995, p. 1517–21. Crossref, doi:10.1056/nejm199512073332301. Acesso em: 17 de novembro de 2021.

    Histórico de atualizações

    Versão atual (21 de dezembro de 2022)

    Revisão médica por Dra. Amanda Kallen, Professora adjunta de Obstetrícia, Ginecologia e Endocrinologista Reprodutiva, Faculdade de Medicina da Universidade Yale, Connecticut, EUA

    Publicação (21 de dezembro de 2022)

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