A primeira relação sexual resulta na perda de virgindade, certo? Talvez não seja tão simples assim. Duas especialistas médicas do Flo desmentem os mitos e explicam o que o hímen realmente é.
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O que é o hímen? Tudo o que você precisa saber
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Você já deve ter ouvido suas amigas cochichando sobre “perder o cabaço” ou “quebrar o lacre” durante as aulas de anatomia feminina. Para muitas pessoas, essa é a primeira vez que são apresentadas ao conceito de hímen. Mas se você ainda tem dúvidas sobre com o que o hímen se parece e para que de fato ele serve, saiba que muita gente está no mesmo barco.
Apesar de ser minúsculo, a reputação do hímen é gigante. Existem muitos mitos em torno dessa fina membrana localizada na abertura da vagina. Um dos maiores equívocos é acreditar que o hímen rompido é o resultado da primeira relação sexual. Na verdade, isso pode acontecer muito antes. Vamos falar mais sobre esse ponto daqui a pouco.
Para acabar com esses mal-entendidos de uma vez por todas, duas especialistas médicas do Flo explicam o que é hímen, onde fica o hímen exatamente e como o hímen feminino muda com o tempo.
O que é o hímen?
Em termos simples, o hímen é uma fina membrana elástica em formato circular na entrada da vagina (canal muscular interno que conecta a vulva ao colo do útero). “Parece mais ou menos um anel fino de tecido na abertura da vagina”, explica a Dra. Sara Twogood, ginecologista obstetra, Los Angeles, EUA. “Pode ser irregular em termos de formato e tamanho, então não é um círculo perfeito”.
Termos como “quebrar o lacre” dão a entender que o hímen tampa completamente a entrada vaginal antes de ser rompido, mas isso não é verdade para a maioria de nós. Na realidade, é muito raro alguém nascer com o hímen fechado, ou seja, sem algum tipo de orifício.
Mesmo que você já tenha usado um espelho para se familiarizar com sua vulva e passagem vaginal, talvez não tenha conseguido ver o hímen. Apps como o Flo são de grande ajuda para quem quer saber mais sobre como o corpo muda durante a puberdade e a verdadeira terminologia anatômica. Além de servir como calendário menstrual, o Flo também oferece artigos explicativos sobre tudo, desde tampões de CBD até corrimento vaginal aquoso.
Para que serve o hímen?
Agora que você aprendeu onde se localiza o hímen, talvez queira saber por que ele existe.
Enquanto outras partes da anatomia da vulva têm funções claras, ainda não se sabe para que serve o hímen, como explica a Dra. Beth Schwartz, professora assistente de ginecologia, obstetrícia e pediatria, Filadélfia, EUA. “O hímen é apenas um resquício do desenvolvimento [quando ainda estamos no útero]”.
Algumas pesquisas sugerem que o hímen ajuda a proteger a vagina contra bactérias. Com mais pesquisas médicas sobre o corpo humano, talvez sejam descobertos outros motivos para a existência do hímen da mulher.
Qual é a aparência do hímen?
Pode ser difícil saber exatamente o que é típico para você conforme seu corpo muda e a menstruação começa. Conversar com amigas sobre o que está acontecendo pode ser reconfortante. Na maioria das vezes, porém, não há um parâmetro de comparação.
É muito importante se lembrar de que sua vulva é única e não existe um “modelo” perfeito ou ideal, desde que você esteja saudável e feliz. E o hímen não é uma exceção.
Não existe apenas um tipo de hímen, isso varia de pessoa para pessoa. Mas, em geral, podemos dividir os tipos em grupos. Os tipos de hímen são:
Hímen anular
O hímen anular, ou com formato de anel, é considerado o tipo mais comum. O hímen circunda a abertura vaginal como um anel ou uma rosquinha e, ao se afrouxar ou romper, fica mais parecido com uma lua crescente.
Se seu hímen tem este formato, a aparência pode variar um pouco a depender da maneira como se afrouxou ou rompeu.
Hímen imperfurado
O hímen imperfurado é muito raro. Nesse caso, o hímen é fechado e cobre completamente a entrada da vagina (como um lacre). Isso impede a menstruação de escoar pela vagina. O sangue preso pode provocar dores no abdômen e na pélvis.
As pesquisas sobre a prevalência do hímen imperfurado na população variam substancialmente: estima-se que de uma em cada mil até uma em cada 10 mil pessoas apresentam essa condição. Continue lendo para saber como a medicina pode ajudar no caso do hímen imperfurado.
Hímen microperfurado
É quando o hímen cobre quase toda a abertura vaginal, exceto por um orifício minúsculo. Embora seja possível, é mais difícil para o sangue da menstruação sair da vagina, o que causa períodos menstruais mais longos. Também é complicado e doloroso inserir absorventes internos e outras coisas.
Hímen septado ou biperfurado
O hímen septado tem a membrana circular nas bordas do canal vaginal e ainda uma camada extra de tecido que passa pelo meio, como uma pequena faixa. Isso acaba criando duas aberturas vaginais, em vez de uma, sendo que por isso é também chamado de hímen biperfurado. Esse tipo de hímen talvez cause problemas para inserir e remover absorventes internos. O tecido extra pode romper ao fazer sexo com penetração.
Hímen cribriforme
Nesse caso, o hímen tem vários orifícios minúsculos, tornando muito difícil inserir absorventes internos. Também significa que o sangue menstrual demora mais para sair do corpo, resultando em uma menstruação mais longa.
Que mudanças podem ocorrer no hímen?
No momento do nascimento, pediatras podem verificar se é necessário fazer uma cirurgia para remover uma parte do tecido himenal. No entanto, nem sempre é fácil detectar em um bebê com tão pequeno se o hímen é imperfurado, microperfurado, cribriforme ou septado. O diagnóstico pode chegar muito mais tarde, durante a puberdade, quando se nota dificuldades para inserir absorventes internos, ou períodos menstruais longos e dolorosos.
A cirurgia de remoção ou abertura do hímen é chamada de himenotomia. Ginecologistas podem recomendar esse procedimento caso seja difícil inserir absorventes internos ou se a membrana bloquear a saída do sangue menstrual do corpo.
Porém, a maioria das pessoas nem percebe a presença do hímen. Além disso, ele não permanece para sempre da mesma forma. Na verdade, o hímen muda conforme crescemos.
- No nascimento: nas crianças recém-nascidas, o hímen parece mais espesso e carnudo. Ele também pode ser mais rígido e sensível. Quando a puberdade começa, os ovários iniciam a produção do hormônio estrogênio. Isso pode fazer com que o tecido himenal fique mais elástico.
- Na perda da virgindade: essa é a grande questão. Afinal de contas, o hímen é rompido na primeira relação sexual com penetração? É verdade que, em alguns casos, o hímen pode romper ou afrouxar na primeira vez que ocorre o sexo com penetração. Mas isso não acontece com todo mundo. É possível também romper o hímen de várias outras maneiras (que vamos comentar abaixo).
- Na gravidez e após o parto normal: assim como acontece na puberdade, os níveis de estrogênio aumentam durante a gravidez. Isso faz com que o tecido himenal fique ainda mais elástico para o nascimento do bebê. O hímen pode esticar e romper mais durante o parto, quando o bebê sai pela vagina. “A elasticidade volta ao (quase) normal após o parto, mas as lacerações no hímen não se reconstituem”, diz a Dra. Twogood.
O que acontece quando o hímen é rompido?
Palavras como “intacto” e “roto” são geralmente usadas quando se fala sobre o hímen. Algumas pessoas acham que, de um minuto para o outro, o hímen deixa de ser uma tampa que fecha completamente a abertura da vagina e passa a ser um anel de pele rompida, com um orifício. Na verdade, o hímen não quebra desse jeito. Aliás, como sabemos, na maioria dos casos o hímen não sela totalmente a vagina.
Em vez disso, podemos imaginar o hímen como um anel elástico que, às vezes, rasga com a fricção ou inserção de objetos na vagina. Embora não haja necessariamente como saber se o hímen já foi rompido por meio de sintomas, algumas pessoas sentem um pouco de dor e têm um leve sangramento. Já outras nem notam que isso aconteceu.
Como o Flo pode ajudar você?
Como romper o hímen?
Vamos desmentir alguns mitos sobre “a perda da virgindade”. Como já mencionamos, o hímen pode afrouxar ou romper na primeira relação sexual com penetração. Isso causa um pouco de sangramento e dor, mas nem todo mundo sente o mesmo.
Vários outros motivos podem levar ao rompimento do hímen antes da primeira vez. Aqui estão alguns exemplos:
- Usar absorvente interno ou coletor menstrual.
- Fazer um exame pélvico ou teste de Papanicolau.
- Praticar determinadas atividades, como nadar, andar de bicicleta, jogar futebol e cavalgar.
- Usar os dedos ou brinquedos sexuais na masturbação.
Tudo isso é completamente normal e sadio. Talvez você tenha dúvidas se o hímen se fecha com o tempo ou volta a se regenerar depois da “quebra”. Para resumir: não. Mas a Dra. Schwartz explica que o hímen rompido “continua lá, possivelmente só um pouco mais frouxo ou com um formato diferente”.
Por que o hímen é associado ao sexo?
Já que usar absorventes internos e andar de bicicleta podem causar o rompimento do hímen, por que isso é tão associado à primeira relação sexual?
A virgindade tem significados diferentes para cada pessoa e cultura. Talvez você tenha ouvido falar, na escola ou em outros locais, que alguém só é virgem antes da primeira relação sexual onde há penetração do pênis na vagina. Outras pessoas consideram que se perde a virgindade com qualquer forma de intimidade sexual. No final das contas, é você quem decide o significado para você, mas a virgindade não se define pelo rompimento de um pedaço minúsculo de pele na vagina. Se esse é um assunto que preocupa ou confunde você, é uma boa ideia conversar com uma pessoa adulta da sua confiança.
Desde muito tempo, algumas culturas consideram o hímen intacto como sinal de virgindade e, portanto, de pureza. Como você agora sabe, em termos médicos, isso não passa de um mito. O hímen pode ser rompido a qualquer momento, mesmo em situações que nada têm a ver com sexo.
Ideias como essas estão ligadas à prática do “teste de virgindade”, um procedimento altamente prejudicial pelo qual pessoas são submetidas a um exame vaginal com a intenção de provar se são virgens ou não. Muitos médicos e organizações de saúde condenam os testes de virgindade.
O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas diz que não oferece nenhuma orientação sobre testes de virgindade porque não é possível afirmar se alguém fez ou não sexo apenas com um exame vaginal. Do mesmo modo, a Organização Mundial da Saúde classificou os testes de virgindade como uma violação dos direitos humanos.
Se você está sofrendo pressão de parentes, amigos ou parceiro para “provar” que ainda é virgem, ou se corre o risco de ter que fazer um teste de virgindade, busque o apoio de um adulto da sua confiança. Pode ser uma professora ou alguém da sua família.
O que é o hímen: conclusão
O hímen é o pedaço fino de tecido que fica na entrada da vagina. Pode variar em formato e tamanho, mas não deve nunca causar dor. Não há uma função clara (que seja conhecida).
Embora o hímen seja geralmente associado à “perda da virgindade”, ele pode ter afrouxado ou rompido antes mesmo da primeira relação sexual. Um absorvente interno, um longo passeio de bicicleta ou até mesmo o primeiro teste de Papanicolau podem resultar no rompimento do hímen.
Assim como o restante da vulva, o hímen é único para cada pessoa. Ele não define se você continua virgem ou não. Mais importante do que saber se o hímen foi rompido ou não é sentir confiança e entender o próprio corpo.
Referências
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Guy, Faye. Virginity: What Does It Mean and Why Is It Outdated? Brook, 9 set. 2021, www.brook.org.uk/your-life/what-is-virginity/.
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Nunziato, Jaclyn D. e Fidel A. Valea. Reproductive Anatomy: Gross and Microscopic Clinical Correlations. Comprehensive Gynecology, 8ª edição, editado por David M. Gershenson et al., Elsevier, 2022, p. 47-75.e1.
Schaffir, Jonathan. The Hymen’s Tale: Myths and Facts about the Hymen. The Ohio State University, 20 fev. 2020, https://health.osu.edu/health/sexual-health/myths-and-facts-about-hymen.
Does a Woman Always Bleed When She Has Sex for the First Time? NHS, www.nhs.uk/common-health-questions/sexual-health/does-a-woman-always-bleed-when-she-has-sex-for-the-first-time/. Acesso em: 21 nov. 2022.
Histórico de atualizações
Versão atual (18 de março de 2023)
Publicação (28 de março de 2023)
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